No começo da tarde eu já desembarcava e pegava o trem do aeroporto pra Sydney. Ao invés de seguir direto pra Manly, desci em Wynyard para dar uma última volta em Darling Harbour, região de que gostei bastante. Pus minha bagagem (de mão) num locker que fica no Sealife (funciona até as 19hs), e fui então conhecer por dentro o THE STAR. É mesmo um cassino muito luxuoso e quase comparável ao Crown, de Melbourne. Ainda assim há pouquíssimas lojas e alguns bares/restaurantes. Os espaços destinados aos jogos são sim no padrão de Vegas, há um teatro em que se apresentam shows/musicais e o bar que mais chamou a atenção foi o "Sports Bar 24/7" que, como o próprio nome diz, funciona 24 horas por dia, não fecha nunca.
Segui caminhando pelo Darling Harbour, descobri o Tumbalong Park, e voltei por Downtown para ir me despedindo aos poucos de Sydney, até chegar ao Circular Quay. Em algum lugar do caminho (acho que Market x Pitt) passei por um artista de rua que estava tocando, curiosamente, "Mr. Jones", a música que ficou faltando no show dos Couting Crows em Byron Bay. Ironia de que o ciclo se completava e fechava, rs... tinha mesmo que voltar para casa.
Fiz minha última comprinha no ALDI: potes de hommus dip e bolachinhas de arroz com seaweed para levar pro Brasil. Comi algo antes de sair para caminhar pelo Corso... ainda tentei "perseguir" uma espécia de castelo iluminado que se destacava no alto do morro... mas desisti. Dei uma última passada pelo PUB do Hotel Steyne antes de dormir. O dia seguinte seria movimentado.
06.04 - FAREWELL - Quem foi que disse que o dia da volta é um dia desperdiçado? Nada disso. Acordei às 5hs da manhã (somente por desencargo de consciência) para terminar de ajeitar malas, comer uma coisinha e sair às 7hs para fazer a tal trilha de Manly, saindo de Manly Cove até a ponte "The Spit". A "Manly Scenic Walk" é heterogênea e passa por diversos tipos de paisagem: pequenas praias, falésias, rochedos, mirantes, reservas florestais, e até mesmo um sítio arqueológico aborígene. Alguns pontos principais, na sequência: Fairlight Beach - com sua piscina natural (1), North Harbour Reserve (2), Forty Baskets Beach (3). Depois a trilha passa em meio ao Sydney Harbour National Park, de onde é possível acessar a Reef Beach (4), e se segue por uma longa trilha "no meio do mato", em que se encontra esporadicamente com esportistas fazendo jogging. De lá há vistas maravilhosas de Sydney, desde Manly Cove até os skyscrapers de Downtown. Os dois pontos mais legais são a Crater Cove (5) e a praia de Castle Rock (6).
Depois de Castle Rock a chuva apertou um pouco e tive que acelerar o passo, tanto pra fugir da mesma quanto pra não me atrasar em relação ao horário do voo. Depois de longa caminhada - uma parte pela rua - a praia seguinte em que cheguei foi a Clontarf Beach (1), praticamente "grudada" na praia de Sandy Bay (2), seguida de Fisher Bay (3). A Manly Scenic Walkway chegava ao fim na The Spit Bridge (4), pouco mais de 3 horas depois.
De lá segui caminhando, mesmo, pelas ruas residenciais de Manly, até chegar na Harvey Norman para arrematar um scanner de slides de AU$ 70 por AU$ 50 - graças a um empenhado vendedor chamado Nesh (#ficaadica, hehehe). Passei ainda - sem querer - pelo cemitério antes de chegar a Manly Beach para me despedir. Talvez pela chuvinha, o mar estava animado e havia muitos surfistas. Comprei meus últimos souvenirs nas lojinhas do Corso e segui para buscar minhas malas e ir pro aeroporto.
No aeroporto, verifiquei como se faz o tax refund: ele só serve para compras de mercadorias (serviços não) cuja nota fiscal (de um único ítem ou vários combinados) exceda um certo valor (que infelizmente não me lembro ao certo... algo como AU$ 300). Não há muita fila e o crédito é feito na hora, num posto que fica na área de embarque, ao lado do Free Shop. Enfim... voo tranquilo de Sydney a Buenos Aires, com Hitchcock na tela coletiva. A tripulação, dessa vez, regulou a cerveja e o vinho, o que me deu certa dificuldade para dormir. Assim como na ida, um pequeno avião da Austral com 4 poltronas por fileira fez o trecho Buenos Aires - Guarulhos. Fim da linha.
IMPRESSÕES DA AUSTRÁLIA E DE SYDNEY - Dizem que o Brasil tem sido a sexta ou sétima "economia do mundo" por ter um PIB de mais de US$ 2 trilhões. Sempre suspeitei um pouco desses números... afinal de contas, temos uma população de 200 milhões de habitantes, bem maior do que qualquer "concorrente" europeu. Acredito que o PIB per capita faria mais sentido numa comparação... mas disso o governo e a mídia preferem se esquecer. Talvez por trás disso esteja uma forte impressão minha sobre a Austrália: é um país mais rico e com distribuição de renda mais igualitária. Menos "PIB" e mais "IDH".
Ao longo da viagem, conheci brasileiros que ganham a vida trabalhando como faxineiros. Os encontrei em meio a aeroportos, hotéis, passeios turísticos, corrida de Fórmula 1. Sim. Faxineiros têm pleno acesso ao lazer, turismo, cultura. Segundo um deles, ganham em torno de AU$ 22/hora. Conversando com um outro amigo meu, executivo de empresa de TI, surgiu uma reflexão... o salário do diretor de uma empresa é quantas vezes maior do que o salário de alguém na base de sua hierarquia? Segundo ele, uma grossa estimativa seria de 5, 6 vezes na Austrália. No Brasil, certamente passa de 40, 50. Não sejamos hipócritas, realmente acho que de fato um diretor de empresa deva receber salários maiores devido ao cargo que ocupa, principalmente levando-se em conta responsabilidades e estudos inerentes a ele. Mas que a discrepância não seja tão absurda como no Brasil.
Outra situação interessante que ilustrou bem essa conversa foi quando este meu amigo precisou desentupir um ralo (ou coisa que o valha). Ligou para a empresa e, para a sua surpresa, foi atendido por uma
Dá pra perceber que o estilo de vida australiano é bem "enjoy your life"... menos status, menos ostentação, menos desespero por exclusividade, menos "cultura VIP". Pra quê alugar buffets infantis com manobristas na porta e decorações suntuosas se você pode levar a criançada pra festejar um aniversário num parque seguro com lagos, árvores e playground, a céu aberto e ar puro? Pra quê encher condomínios de "espaço gourmet", academia disso e daquilo, se as ruas são seguras, os bares numerosos e acessíveis, e há piscinas públicas, praias, ciclovias? Pra quê "lista VIP" se os pubs são gratuitos, muitas vezes com música ao vivo e frequentados por