Cresci ouvindo Rock´n Roll
E desde pequeno, sabe Deus por quê, só me interessava por sons “vintage”, bandas clássicas, setentistas. Meu primeiro show foi em 1994, aos 12 anos de idade: a primeira edição do Festival “Monsters of Rock”. Atrações principais? KISS e Black Sabbath. Nos anos que se seguiram, ainda na década de 90, outros tantos “dinossauros”... Ozzy Osbourne, Steppenwolf (pros que não conhecem, a banda que se eternizou com “Born to be Wild”), Chuck Berry (Johnny B. Good), Little Richard (Good Golly Miss Molly), Jimi Hendrix (aaahá... PEGADINHA! hehe), Ritchie Blackmore´s Rainbow, Dio, Deep Purple, The Rolling Stones, Whitesnake… mas foi no dia 20 de Janeiro de 1996 em que vi, no Hollywood Rock, JIMMY PAGE & ROBERT PLANT.
Para se ter uma idéia do “contexto”, abriram o show Raimundos (então nos embalos do “Lavô Tá Novo”), Urge Overkill (banda que ficou famosa pela releitura da música “Girl, You´ll be a Woman Soon”, que virou hit graças ao magnífico filme Pulp Fiction, do Quentin Tarantino) e a avassaladora Black Crowes (surpreendeu todo mundo no Pacaembu lotado). Difícil descrever o feeling de ver a guitarra e a voz marcantes do Led Zeppelin interpretando clássicos como Babe I´m Gonna Leave You, Since I´ve Been Loving You, Whole Lotta Love, Kashmir. Com o sobrenome Bonham na batera. E uma “cambada” de músicos da pesada no palco... afinal, era a turnê do “No Quarter (Unledded)”, show feito em conjunto com a MTV com diversas releituras (e por que não “reinvenções”) de clássicos do Led Zeppelin. De todos os “dinossauros” que eu havia assistido até então, a dupla foi sem dúvida quem mais demonstrou maestria na difícil arte de renovar arranjos de músicas tão “sacramentadas” e consolidadas como clássicos da História do Rock´n Roll. NUNCA ficaram parados no tempo.
Pois então, tendo já encontrado o caríssimo chegando do ônibus, e tendo “ouvido” a passagem de som de “That´s the Way”, em pleno sábado, eis que pensei comigo: “Pra quê esperar até 27 de Maio para finalmente conhecer o Greek Theatre? Pra quê esperar para ver o filho de John Bonham fazendo um tributo ao Led Zeppelin se a VOZ da banda estaria no próprio sábado lá... ao vivo?” Pois bem... consegui o ingresso e, depois de 15 anos, eu presenciava novamente um show desta lenda viva do Rock.
Talvez o que eu mais admire no Robert Plant seja justamente essa sua capacidade de continuar criando e inovando na música sem se prender à nostalgia da banda que o consagrou. Muitos são os artistas (talvez o caso de alguns que eu citei lá atrás) que se restringem a continuar tocando os mesmos sucessos de 30 (ou mais) anos atrás com os mesmos arranjos, sem fazer questão de criar algo novo... o que não significa que haja algo de errado ou seja algo negativo, pelo contrário... eu os admiro e compareço aos shows... sem dúvida alguma é muito bom ver shows nostálgicos de lendas do rock´n roll tocando suas criações exatamente da maneira como foram concebidas. Mas talvez seja ainda mais legal ver que o artista não ficou parado no tempo, continuou evoluindo e foi além... porém sempre podendo livremente revisitar seu passado de forma segura... como é o caso do “2009 Grammy-winner” Robert Plant e da sua simpática (e pra lá de competente) Band of Joy.
Logo na primeira música... que impacto... BLACK DOG! Numa versão completamente modificada, mais “maluca” até que a pequena citação da música ao final de Kashmir no (já citado) “No Quarter” (1994, Page&Plant). E o show prosseguiu (em meio a “moonwalkers” bizarríssimo do Plant no palco, hehe) com outras tantas músicas do novo projeto, “Band of Joy”, e clássicos (nem tanto “lado A”) revisitados do Led Zeppelin, como “Black Country Woman”, “That´s The Way”, “Houses of The Holy”, “Ramble On” e, no bis, “Gallows Pole” (esta última gravada na íntegra e com uma qualidade razoável, por este que vos fala, hehe).
No fim das contas eu exagerei na introdução e economizei no relato do show, hehe... talvez porque, pra mim, seja complicado comentar ou tentar “descrever” um show. Muitas sensações e um pouco de subjetividade... só mesmo ASSISTINDO para ter uma experiência particular e única e saber como é, como foi. Mas dessa vez eu PROMETO: Até o FINAL DO MÊS vou postar no youtube vídeo de “Gallows Pole” na íntegra (qualidade ficou bem razoável!).
Depois do show voltei pra casa felizão... e como é gostoso descer a Vermont (trecho norte) de bike à noite... caminho tortuoso e arborizado... congestionamento de carros e eu lá... livrinho... mp3 na orelha, bus 210 da Vine até Crenshaw x Artesia, e impressionantes 25 minutos de lá até em casa (mudei o caminho dessa vez... nada de Hawthorne... mas segui pela Crenshaw, curva na Sepulveda e pronto). Minhas páscoa já estava devidamente celebrada (*).
ANTES DO SHOW CAP. 1: Show de Abertura - Foi dado pela banda, ou melhor, DUPLA "North Mississipi Allstars". Dois caras meio malucos e competentes... só GUITARRA e VOZ com BATERIA (???). Confesso que um baixo às vezes fazia falta no que seria um interessantíssimo power trio, mas o experimentalismo todo é muito bem sucedido e a platéia aprovou. Às vezes bem rock, às vezes meio "folk"... gostei da tal "Wookie Board" com seus sons peculiares. Enfim... divertido e original. Recomendo!
ANTES DO SHOW CAP. 2: A Batalha pelo Ingresso - Bem sucedido mas com um gostinho de "mané" no ar. Vamo lá... o show não chegou a ser "sold out" então ainda havia poucos ingressos para todos os setores na box office 1 hora antes do início. O mais barato? US$ 43,00. Bastava rondar a pequena (quando existente) fila para ser sondado, ainda que às vezes de longe, por algum tiozão querendo vender ingresso sobrando. Num show como esse, difícil saber se se tratava de cambista (que aqui é BEM diferente do que estou acostumado a ver no Brasil) ou algum fã que realmente teve desistências no seu grupo. Logo de cara um "mestre dos magos sem chapéu e de cabelo curto" já veio me oferever um ingresso Category B (US$ 90,00) por US$ 80,00; baixando logo em seguida pra US$ 60,00. Pensei bem... hum... o mais barato a US$ 43,00? Por que não dar uma volta (em casa de show sem lotação o fator "tempo" dá toda a vantagem ao comprador) e de repente oferecer CINQUENTINHA? Seria um ótimo negócio. No fim das contas apareceu um sósia do Willie Nelson me oferecendo ingresso no mesmo setor já por R$ 50,00 e o mané aqui, empolgado, aceitou logo de cara, sem nem fazer uma contra. Nada mal... quase metade do preço "nominal". O que me incomodou foi o fato de ser um ingresso "impresso" (em casa) da Ticketmaster. O motivo do incômodo não foi nem a desconfiança de fraude (descartada logo após o Willie Nelson agilmente sugerir... "você entra primeiro com o ingresso, me dá o dinheiro depois, pela grade"), mas sim o fato de não poder ter um ingresso como souvenir, algo que (vocês sabem) o babaca aqui valoriza pra KCT (hehe).
Entrei, sentei... tirei o ingresso do bolso, e a mesma curiosidade que vocês devem estar tendo ocupou minha cabeça antes do show: "WHO THE HELL IS SETH HARTNETT"? Enquanto olhava pra "impressão" (não posso continuar chamando aquilo de ingresso) e refletia... um cidadão ao meu lado: "Excuse me, but how much did you pay for the ticket?" "Fifty bucks" "Oh, man... I sold it for US$ 20,00 to a man before entering here". Óia só... QUE COINCIDÊNCIA! Com tanto lugar no Greek Theatre, eu acabei indo sentar bem AO LADO do "comprador original" do ingresso? ÚIA! hum... COINCIDÊNCIA O KCT, mané... se o lugar é marcado, ÓBVIO que você só poderia sentar AO LADO do grupo (nesse caso, um só maninho) da pessoa que desistiu de ir, dãã... hehe. Pois então... no fim das contas o tal Seth comprou o ingresso por US$ 90,00; algum amigo seu desistiu e ele, sem paciência pra fazer uma boa venda na porta, liquidou pro primeiro cambista que viu pela frente por míseros US$ 20,00 (prejú de US$ 70,00). O cambista vendeu pra mim por US$ 50,00 (lucro FÁCIL de US$ 30,00) e eu vi o show da categoria B, feliz e contente!
Mas não poderia ficar só por isso... CLARO que eu ia dar um jeito de arrumar algum ingresso de alguém, abandonado pelo teatro, só pra guardar de recordação (ainda que não fosse "autenticamente" o meu). E foi difícil PRA KCT. O único que consegui foi este... de cortesia.
(*) Aguarde cenas do próximo capítulo post.
Escrito domingo e segunda, postado entre quarta e quinta