quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

VIVA Elvis - Cirque du Soleil

Criar um espetáculo original e inovador em cima de um artista consagrado e repleto de "covers" pelo mundo afora não é tarefa fácil. Ainda mais em se tratando de Elvis Presley! Mas quando se fala em Cirque du Soleil... a coisa muda de figura. Se havia ainda algum tipo de dúvida em relação ao Cirque, now it´s six feet under! Ele é mesmo uma Fonte INESGOTÁVEL de criatividade!

Cheguei ao teatro 10 minutos antes do início do espetáculo para tentar tirar fotos com o elenco ou participar de "aquecimentos" tão comuns nas apresentações. Mas não havia ninguém a caráter no hall, e, dentro do teatro, algumas "groupies" passeavam por entre as cadeiras "pentelhando" (no bom sentido, claro) os espectadores. É neste momento então que, ao som de uma introdução com o tema de "Assim Falou Zaratustra" todas tomam o palco principal em meio a ataques de histeria! Ao som de "Blue Suede Shoes" surge então um palco com dois andares (banda embaixo, dançarinas em cima), trapézios e um sapatão azul gigante desenhado como escorregador! Algo muito interessante: toda a parte instrumental é executada AO VIVO pela banda, mas a voz... não vem de cantor nenhum, senão do PRÓPRIO Elvis Presley! (basta  um click na orelha e alguns poucos ensaios e isso é PERFEITAMENTE possível e e bem sucedido!) Depois o embalo continua com "Don´t be Cruel" emendada com "Too Much" em meio a discos de ouro gigantes descendo, junto com uma "roda alemã". O clima fica mais romântico com "One Night WIth You", não só pela música em si, mas pelo acompanhamento instrumental de um piano que desce dos céus, pelo violão gigante que serve de "trepa-trepa" (me desculpem, mas não sei o nome disso...) para pequenas acrobacias e pelo maravilhoso dueto do Elvis com uma puta baita cantora!

 
Após um começo ARREBATADOR já dá pra perceber a GRANDE SACADA do Cirque ao montar o espetáculo: enquanto essa imensidão de shows batidos insiste em enfiar um mesmo imitador gordinho no palco, somente alternando figurinos das diversas fases de sua carreira, o Cirque se diferencia logo de cara por um pequeno detalhe: NÃO HÁ ATOR ALGUM IMITANDO O ELVIS NO PALCO! A presença do REI se dá por meio de sua VOZ (original, sobreposta pelo som de uma banda formada por músicos do mais alto gabarito!), imagens no TELÃO e elementos no CENÁRIO! Já que se trata do REI, que é talvez o grande artista revolucionário que rompeu paradigmas e misturou de vez música "negra com branca", com performances que incluíam danças hoje consideradas "bregas" mas que foram tremendas rupturas pros padrões culturais da época, abrindo diversas portas para o rock´n roll e a contra-cultura... talvez seja bobagem e erro comum tentar substituir o insubstituível. Nostálgica mesma é a presença do próprio, nos moldes desse espetáculo do Cirque du Soleil. INCRÍVEL!


Bom, após essa digressão... o show passa pela fase gospel, até então com mais foco em coreografias e belas execuções musicais, e logo chega "Got A Lot O' Livin' To Do" com um verdadeiro "fliperama humano" de camas elásticas e 5 (ou 6) acrobatas passeando por ele dando mortais e piruetas aparentemente sem esforço algum! Depois de "Shake Rattle And Roll" rola "Heartbreak Hotel" com coreografias no palco e um ator sentado numa cadeira de barbearia tendo seu cabelo cortado. É talvez a parte mais triste do show pois se refere à ida (e interrupção da carreira) de Elvis pro Exército (as reais razões mereceriam um artigo à parte, o que não é o foco aqui). "Love Me Tender" só com violão e voz feminina fazendo dueto com Elvis é mesmo de emocionar... em "Return to Sender" há uma espécie de "aparelho gigante de ginástica olímpica" com muitos ginastas/artistas fazendo acrobacias simulando exercícios militares... é o tema agora menos dramático e mais descontraído com a volta das acrobacias. Marca o cenário com uma grande bandeira norte-americana ao fundo com "underwears" formando as estrelas e "ceroulas" as faixas brancas. Outro momento mais emocionante com "Are You Lonesome Tonight?" enquanto um casal (ele de farda) dança levitando sobre o palco. Encerra-se a fase do exército.


Interessante é quando rola uma música meio "country" ou "folk" que eu não conheço... três Elvis GIGANTES tomam conta do cenário e ajudam a criar a atmosfera de "faroeste": um cowboy faz malabares com seu revólver e, o mais interessante... outro se junta a ele e ambos dão UM SHOW manipulando a corda... SEM precisar "laçar animais"! Em determinado momento uma delas pega fogo, e eu me pergunto... será que já não chegou a hora de os tais rodeios testarem algo mais criativo e pararem de uma vez por todas com essa humilhação e tortura aos animais? Bom... a única ressalva eu vejo no figurino das meninas que, neste momento, vestem vestidos com motivos de "couro de vaca"... dispensável.


O grande momento da banda é mesmo na execução de "Burning Love" com o telão passando cenas de diversos filmes do Elvis. É mesmo impressionante a sonzeira do "octeto" formado por 2 guitarras, 1 baixo, 1 bateria, 1 percussão e 3 metais. Nesse momento a gente percebe o quanto o Cirque é mesmo completo: musicalmente foi impecável! A inovação não está só na "ausência de imitadores" do Elvis, mas na releituras com novíssimos arranjos de praticamente todas as músicas! É tão empolgante que eu até reparei na baqueta partida pelo baterista. A empolgação continua ao som de "Bossa Nova Baby"... só não entendo o cenário de... ACAPULCO??? Mas tudo bem... o colorido toma conta do palco, telões como cenário mostram Elvis a la Andy Warhol dançando e o típico equilibrista das cadeiras faz o número em clima de total diversão e não tensão. "King Creole" é outro momento alto da banda com vocal feminino, dançarinas "joaninhas" e uma espécia de "bambolê-roda alemã". "Jailhouse Rock" vem em seguida quase como uma espécie de "remake" do clássico clip no palco.


Bonito mesmo (e com arranjo interessantíssimo de violão flamenco) foi "It´s Now Or Never". Que nos surpreende mais ainda quando surgem no palco OITO pole dancers! 4 sozinhas fazendo coreografias, e 4 em duplas fazendo acrobacias! Quando alguém imaginaria ver pole dancers num show de ELVIS??? E ainda rola um pequeno solo de cajon! Mas confesso que o que vem em seguida parece meio clichê... "Can´t Help Falling in Love" já é um pouco "melosa", agora... cantada por uma NOIVA em cima de um BOLO?? E com mudança de melodia pra alcançar as "high notes"? hehe, tudo bem... no momento em que dançarinos esticam o vestido da noiva por todo o palco e o mesmo serve de tela de projeção fica tudo certo... maravilhoso!!! "Love Me" chega com uma "roda alemã" e um "bambolê duplo" e me faz lembrar o INTERFAU de 2001... (sonoplastia da PUCCAMP!) rs... mas isso é uma outra estória!

Tudo bem, sei que já me estendi demais... mas já está acabando! Chega VIVA LAS VEGAS e parece ser a última música... nesse momento é que SIM, aparecem MUITOS Elvis Presleys fantasiados... mas são muitos, numerosos, quase como "figurantes", não somente um chamando a atenção para si. "Suspicious Mind" seguida de "Hound Dog" fecham o espetáculo.


É... que baita desafio! Vencido por goleada! O Cirque consegue montar um espetáculo pra lá de nostálgico sobre um monstro consagrado da música sem repetir clichês e com muita originalidade e inovação. "ELVIS IS IN THE BUILDING"! Foi o primeiro show do Cirque que vi inspirado em artista musical. Amanhã ainda vou assistir "Beatles Love", cujo desafio seja talvez ainda maior. Tributos aos Beatles há aos montes... no Pantages Theater de Hollywood terão o "Rain" e, na própria Vegas, estão em cartaz neste exato momento ao menos DOIS E MEIO TRÊS!:
1) Yesterday - A Tribute to the Beatles no Tiffany Theater @ Tropicana
2) BeatleShow no Saxe Theater @ Planet Hollywood
3) Fab Forever - Beatles Tribute Band @ Canyon Club at 4 Queens Hotel & Casino (esse não conta muito porque é em Downtown)


E também me enchi de curiosidade para saber o que será apresentado no espetáculo que ainda estreará no Mandalay Bay... "Michael Jackson - The IMMORTAL World Tour". Michael foi, talvez, depois de Elvis, o grande artista revolucionário que rompeu paradigmas e trouxe inovações, com suas grandes performances unindo definitivamente música e dança. Quem sabe eu não permaneça nos EUA até lá?? Estréia em Vegas em Dezembro, e em Los Angeles em Janeiro de 2012. Passará por 30 cidades ao redor do mundo! IMPRESSIONANTE!

Site com fotos do espetáculo

Rascunhado entre sábado e domingo, postado na quinta-feira

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