Essa tal companhia canadense é mesmo uma fonte inesgotável de criatividade. E a novidade do espetáculo “Zumanity” é a de mostrar um lado mais sensual do Cirque. O tema é o sexo. Abordado de forma ampla. (procuro não ler muito sobre o espetáculo para ser surpreendido, gosto de chegar sem ideias pré-concebidas, com a cabeça aberta). Entre tantas impressões e pensamentos que o espetáculo desperta, a que marca é: Sensualidade e erotismo sem vulgaridade ou obscenidade. Artístico, maravilhoso, deslumbrante, nobre.
Um dos aspectos que engrandecem o Cirque du Soleil tornando-o tão magnífico é sua habilidade em transformar clichês em algo especial, único. O fetiche da “colegial” é visitado em qualquer festa a fantasia e até em alguns clips conhecidos... mas fala sério, alguém já viu alguma colegial tão encantadora e sensual (e nada vulgar) como esta??? Sublime!
Outro aspecto responsável pelo sucesso interminável do Cirque é o conceito trabalhado por todos atletas/artistas de realizarem verdadeiras proezas atléticas que exigem do corpo um esforço máximo de seu limite físico!... mas aparentam não fazer esforço nenhum... e essa é a chave pra que a platéia alce voo e acredite na história, na interpretação, na magia! (não só impressionar, mas emocionar... arrancar não só “ooohs”, mas lágrimas) Pois a cena mais bonita de Zumanity... infelizmente NÃO ESTÁ em vídeo algum do youtube (o máximo que consegui está nos segundos 0:12 ; 0:47 ), portanto, fica quase impossível mostrar aqui pra vocês...
...é uma artista das cordas (acho que o nome correto da “modalidade” é “corda indiana”)... que interpreta uma mulher (e suas reações) durante um ato sexual. É uma abordagem envolvente, convincente, sensual, emocionante e ao mesmo tempo leve... leve... A gente se esquece de que se trata de um número dificílimo de um aparelho aéreo que exige o máximo de esforço e destreza atlética. A artista voa... é levada às alturas... se contorce (faz a gente imaginar o que se passa na cabeça de uma mulher quando ela fecha os olhos)... atinge o ápice, descarga, e relaxa... profundamente, eloquentemente erótico e nada obsceno, nada vulgar. Sutil... sutil... oras, atrizes pornôs se esforçam há anos para simular orgamos diante da câmera, da forma mais explícita possível (dizem que muitas “donas de casa pelo mundo também, rs)... pois Silvia Saint jamais seria tão convincente. É o sexo abordado numa aura artística que eu jamais vi igual, extrapolando a superficialidade física, entrando no campo das sensações. Pendurada em cordas, panos, ou coisa que o valha. Na hora a gente nem vê corda nenhuma... ela levita... voa... É mágico.
Foto - Site http://www.vegas.com/
Por último, o terceiro número que mais marcou... quem disse que um anão é fadado a “interpretar” somente personagens pândegos (e por que não humilhantes?) sendo ridicularizados em programas de comédia na TV? Somente o Cirque para nos surpreender a esse ponto... no palco, o anão se AGIGANTA... ele VOA! (nada de correio elegante do Papagaio Vintém) Lindo demais de ver... (tudo que consegui está nos segundos 0:09 ; 1:11 ; 1:17 ; 1:24 deste vídeo).
Foto - Tomasz Rossa
“CIRQUE DU SOLEIL – A Reinvenção do Espetáculo” é um livro muito interessante que se tornou uma das grandes inspirações que me motivaram a estar AQUI, agora. (em futuros posts talvez eu coloque algumas passagens dele) Assistir a um espetáculo como esse, que ao mesmo tempo diverte (geniais as tiradinhas sobre o tema... assim como sempre genial é a interação dos artistas-“diretores” com voluntários que são chamados ao palco... é assim que uns tais “Melanie e Lincoln”, desconhecidos não só do público, mas também entre si, participam do espetáculo e ajudam a torná-lo único), impressiona e emociona, reforça mais minha busca. (nem mencionei a banda, a performance impecável de música ao vivo) Minha próxima meta quando estiver de volta em Las Vegas é assistir "Ká" e "O". Se der, ainda... Viva Elvis e Criss Angel´s Believe.
NOTA: O "agradecimento" do livro citado é de Novembro de 2005. Na época havia 11 espetáculos do Cirque pelo mundo, 4 somente em Las Vegas (página 7 do livro... "come on, guys"... isso não é um artigo científico, estou com pressa e NÃO me preocuparei com questões formais de ABNT sobre citações... rs). Hoje há 7 em Las Vegas, e o oitavo estreará em Dezembro (Michael Jackson - The Immortal World Tour). Em 6 anos, a empresa dobrou sua presença na cidade.
NOTA 2: Só havia assistido, até então, ao vivo, "QUIDAM", no começo de 2010, Parque Villa Lobos. Portanto, trocar o "Grand Chapiteau" pelo teatro do New York New York foi uma novidade e tanto a mais! E lhes digo que a visão do "Balcony" (sim... o setor mais barato, bla bla bla) é magnífica. "Pictures not allowed", acima é só uma pequena lembrancinha sem pretensões técnicas.