"Sáaaaaabado de Sol... aluguei um caminhão..."
Não não, ao contrário dos Mamonas, fizemos o city tour numa van, mesmo... coisas da operadora. Anyway... foi legal, saímos cedo do hotel e começamos lá pelos arredores, Ciudad Vieja... estávamos hospedados a poucas quadras da Plaza de Independencia (1), onde ficam diversos edifício ilustres, como o Teatro Solis e o edifício da Presidência (2), nossa primeira parada.
De lá seguimos o trajeto em meio à Ciudad Vieja, com muitos edifícios em mal estado de conservação, e outros bairros e localidades, como o Prado (1), o Estádio Centenário em frente ao Parque Battle (2), e a Plaza de la Armada (3).
Também já tínhamos passado pelo bairro Carrasco que, segundo a guia, é o mais nobre da cidade, com muitas residências de alto padrão. Imediatamente quis compará-lo a Vila Nova Conceição ou Jardins... mas são diferentes por várias razões. Por um lado, menos suntuosidade, por outro, poucos portões/muros, densidade mais baixa e nenhuma verticalização. Enfim... terminamos o passeio matinal desembarcando no Shop. Punta Carretas, de onde parti para caminhar na orla de Pocitos (1, 2, 3) enquanto o resto da patota se esbaldava nas lojinhas. E me lembrou um pouco a Zona Sul do Rio de Janeiro, relativamente densa com edifícios geminados e calçadão para pedestres e ciclistas. Tão movimentada quanto agradável num sábado de sol. De lá nos encontramos e fomos almoçar no Mercadão Municipal (4, 5) deles, o "Mercado del Puerto" (ao lado do qual fica o Museo del Carnaval), onde experimentamos o tal "Medio & Medio" (aprovado) e voltamos para o hotel.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE MONTEVIDEO
Tenho que ser sincero e dizer que nem todas as impressões foram muito boas sobre a cidade após o city tour. Com alguns edifícios de ar quase palaciano, teria tudo para merecer o tal rótulo de "Suíça da América", no entanto, é claríssimo o problema da falta de conservação. Infelizmente algumas das regiões da cidade por que passamos me transmitiram um pouco uma imagem de decadência, embora a orla de Pocitos fosse muito bonita e agradável. Outro aspecto interessante era o fato de muitas residências (algumas até aparentemente de "alto padrão") não terem portões ou muros, e alguns prédios não terem portarias. Mas de noite eu ainda iniciaria minha caça a um bar com transmissão do UFC!
UFC 146 E NOVAS IMPRESSÕES
Enquanto o povo resolveu bodiar a fim de renovas as energias para o bate-volta do dia seguinte a Punta del Este, me imbuí do espírito de mochileiro e decidi explorar a cidade na raça, mesmo, e fui descobrir como chegar de ônibus a Pocitos. Moleza, bus 121 na paralela à 18 de Julho. O fato de ver alguns passando sem cobrador e com aquele "tap machine" me fizeram comprar uma bebida qualquer baratinha no Ta-ta (rede de supermercados que parece dominar a cidade) para ter o troco exato da passagem, 19 pesos. Ao subir no ônibus, vi que não era necessário... ao contrário de Los Angeles, o motorista carrega troco e se desdobra nas funções com plena destreza... conduz o veículo, calcula o troco e dá as moedas com precisão.
Desembarquei próximo à "junção" das Ramblas (termo utilizado para "avenida beira-mar" ou coisa q o valha) "Republica del Peru" x "Mahatma Gandhi", por onde havia caminhado de dia. Resolvi me dirigir então ao sentido oposto, onde avistava as tais "torres do WTC" de Montevideo (1). Meu instinto de mochileiro me apontava este caminho na esperança de encontrar alguma vida noturna, algum recanto boêmio, e foi NA MOSCA! Na sorte, mesmo, depois de passar pelo WTC acabei caindo na seguinte esquina (anotem): Jose A. Iturriaga x Luis A. de Herrera. Ao que tudo indica, LÁ É O PICO! hehe... uns vários barzinhos lado a lado, com especial destaque ao 21 e ao Burlesque (2), este último o escolhido! Além da atmosfera de PUB, UM TELÃO TRANSMITINDO O UFC "EN VIVO" (3)! Via FOX Sports.
Cheguei a tempo de pegar o card principal, especialmente composto por lutas somente de pesos pesado. Os rápidos KOs de Miocic, Roy Nelson e Cain Velásquez ainda permitiram a reprise de lutas preliminares como a infeliz primeira derrota do Edson Barboza ainda que transmitissem a maravilhosa vitória do CIGANO! Brindei um delicioso Mojito para celebrar... 140 pesos (aproximadamente R$ 15,00), assim como quase todos os drinks, enquanto chopp/cerveja rondava os 95 pesos (aproximadamente R$ 10,00). De lá voltei felizão pro hotel... como?? "JO SOY MOCHILERO". Nade de táxis! Não que eu seja contra, mas é bom evitá-los quando se quer explorar de verdade uma cidade e seu cotidiano. CONTRARIEI o conselho do mané da portaria do hotel desde que eu havia saído... fui de busão, já de olho no sentido oposto para descobrir as linhas de regresso... 116. De longe avistei que havia pessoas no ponto, então... acabei descobrindo que ônibus em Montevideo são 24 horas! Que beleza... e a segurança? Bem, como havia 5 mulheres e mais ninguém no ponto... deduzi que era seguro. E de fato... minha impressão sobre a cidade começou a mudar bastante ao longo do caminho de volta. Era quase 2 da manhã e havia gente caminhando calmamente pela orla, gente sentada olhando o rio, casais namorando (no bom sentido, caaalma) tranquilamente, pessoas de diferentes sexos/idades nos pontos de ônibus, pessoas passeando com seus cachorrinhos de estimação, pessoas, jovens ou velhas, sentadas em bancos de praça, conversando tranquilamente, no meio da madrugada em lugares movimentados ou desertos. Alguns costumes me chamaram a atenção... o fato de uruguaios homens se beijarem no rosto ao se cumprimentarem, ou amigos fazerem companhia um ao outro para esperar o ônibus em que somente um embarca. A imagem embassada de "decadência" que eu havia mencionado acabava de se dissipar. É uma lição, oras... o que seria uma cidade "decadente"? O que importa é a relação das pessoas, entre as pessoas, e delas com a cidade. O que vi em Montevideo foi um conjunto de pessoas que desfruta e vivencia a cidade, caminha por ela livremente, na hora que for (claro que deve haver um ou outro lugar um pouco mais perigoso), nas ruas, praças... pessoas que aparentemente podem morar em residência sem avalanches de portões, muros agressivos, concertinas. Mobilidade... pouca dependência do automóvel, acesso fácil aos locais com transporte público, inexistência de cobradores nos ônibus (embora houvesse em todos a tal da poltroninha na transversal, talvez uma recente mudança). Isso não tem preço! O que é melhor? A opulência de casas belas escondidas por trás de muros e carros importados que não se pode dirigir calmamente, num território hostil de metros quadrados supervalorizados... ou a simplicidade de uma cidade em cujos espaços públicos se pode caminhar e desfrutar sem paranóia, estabelecendo relações sadias e humanas entre seus cidadãos?